domingo, 27 de dezembro de 2015

UMA REFLEXÃO ACERCA DA ALFABETIZAÇÃO ..



        Creio  como  disse Emília Ferreiro que, TODOS PODEM APRENDER, e esta é a frase que balisa minha prática em alfabetização e em Educação, mais que isto, creio que somos seres de cultura e não de natureza, e que fizemos isto  ao trocarmos nossos instintos por inteligência, como nos ensina a Antropologia, porém, não se nasce inteligente. Fica-se inteligente aprendendo, como também já nos foi dito por Jean Piaget. Esta é uma das contribuições mais decisivas e democráticas que a Ciência, a Antropologia e a Pedagogia poderiam nos brindar no último milênio: descobrir que todos podem aprender é algo revolucionário e saber que isto está nas mãos de professores atentos ao processo de aprendizagem de cada um dos alunos, fazendo provocações adequadas, entendendo que o erro nada mais é que uma hipótese inteligente que deve ser aprimorada, e que tenham uma força desejante que lhes possibilite fazer o impossível nada mais  é do que;  fantástico.

         Porém me angustia pensar  acerca dos alunos que ficam  na escola por anos sem aprender a ler e escrever e muitos sem nunca se  apropriarem deste conhecimento.  Estes alunos, ainda hoje  em um mundo que apresenta-se submerso pela pós-modernidade  e com ela pela urgência, liquidez de relações, efemeridade, lógica de consumo, relativismo moral, individualismo, entre outros aspectos , eu noto que frente incontáveis mudanças sociais, a escola continua agarrada aos seus antigos preceitos. Se, em princípio, a Escola tinha que transmitir conteúdos para elites que se transformariam em chefes de poder hoje sua responsabilidade deveria ser  muito mais ampla, porém as crianças de classes populares seguem fadadas ao fracasso escolar.

        A escola é direito de todos, é acessível a todos. A informação está em todo lugar, ela não é  monopólio de poucos. A rede mundial de computadores, assim como demais mídias nos invadem com imagens todo o tempo e o tempo todo. Nas escolas particulares as crianças se alfabetizam na Pré-escola, nas escolas de periferia, se escuta o discurso de que os alunos tem três anos do ensino fundamental para serem alfabetizados e que não se deve ” roubar-lhes a infância” .

         Desde quando deixar a ignorância pelo prazer de aprender é ser roubado ?  Desde quando o fracasso de estar na escola sem aprender é deleite para alguém?

         Neste contexto de transformação deveria caber a escola atuar socialmente, e o único papel social que a escola tem, o papel democrático que a escola tem é um só: ensinar a TODOS seus alunos. Isto não significa ensinar disciplinas isoladas, de forma fragmentada, isso significa incluir todos e ensinar de forma que os alunos sejam atores sociais conscientes, críticos que saibam ver, ouvir, pensar, fazer. A escola não pode aceitar ou praticar exclusão social, não pode aceitar que as crianças pobres aprendam menos, ou não aprendam.

        Ou que nós professores, por sermos despreparados para ensinarmos a essas crianças, as culpabilizemos  pelos problemas de não ensinagem seja creditando estes problemas a família, a medicalização, a aspectos psicológicos, antropológicos, sociais. Precisamos criar meios, provocações, pesquisar, estudar, e aprendermos a ensinar todos  nossos alunos.

        Democracia e inclusão em qualquer tempo é cem por cento das crianças irem para escola e aprenderem aí sim o professor terá dado conta do seu compromisso com o processo democrático que está por trás do ato de partilhar o mundo das letras com as  diferentes classes, indivíduos e grupos sociais.

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