Creio como disse Emília Ferreiro que, TODOS PODEM
APRENDER, e esta é a frase que balisa minha prática em alfabetização e em
Educação, mais que isto, creio que somos seres de cultura e não de natureza, e
que fizemos isto ao trocarmos nossos
instintos por inteligência, como nos ensina a Antropologia, porém, não se nasce
inteligente. Fica-se inteligente aprendendo, como também já nos foi dito por
Jean Piaget. Esta é uma das contribuições mais decisivas e democráticas que a
Ciência, a Antropologia e a Pedagogia poderiam nos brindar no último milênio:
descobrir que todos podem aprender é algo revolucionário e saber que isto está
nas mãos de professores atentos ao processo de aprendizagem de cada um dos
alunos, fazendo provocações adequadas, entendendo que o erro nada mais é que
uma hipótese inteligente que deve ser aprimorada, e que tenham uma força
desejante que lhes possibilite fazer o impossível nada mais é do que; fantástico.
Porém
me angustia pensar acerca dos alunos que
ficam na escola por anos sem aprender a
ler e escrever e muitos sem nunca se apropriarem deste conhecimento. Estes alunos, ainda hoje em um mundo que apresenta-se submerso pela
pós-modernidade e com ela pela urgência,
liquidez de relações, efemeridade, lógica de consumo, relativismo moral,
individualismo, entre outros aspectos , eu noto que frente incontáveis mudanças
sociais, a escola continua agarrada aos seus antigos preceitos. Se, em princípio,
a Escola tinha que transmitir conteúdos para elites que se transformariam em
chefes de poder hoje sua responsabilidade deveria ser muito mais ampla, porém as crianças de
classes populares seguem fadadas ao fracasso escolar.
A
escola é direito de todos, é acessível a todos. A informação está em todo
lugar, ela não é monopólio de poucos. A
rede mundial de computadores, assim como demais mídias nos invadem com imagens
todo o tempo e o tempo todo. Nas escolas particulares as crianças se
alfabetizam na Pré-escola, nas escolas de periferia, se escuta o discurso de
que os alunos tem três anos do ensino fundamental para serem alfabetizados e
que não se deve ” roubar-lhes a infância” .
Desde
quando deixar a ignorância pelo prazer de aprender é ser roubado ? Desde quando o fracasso de estar na escola
sem aprender é deleite para alguém?
Neste
contexto de transformação deveria caber a escola atuar socialmente, e o único
papel social que a escola tem, o papel democrático que a escola tem é um só:
ensinar a TODOS seus alunos. Isto não significa ensinar disciplinas isoladas,
de forma fragmentada, isso significa incluir todos e ensinar de forma que os
alunos sejam atores sociais conscientes, críticos que saibam ver, ouvir,
pensar, fazer. A escola não pode aceitar ou praticar exclusão social, não pode
aceitar que as crianças pobres aprendam menos, ou não aprendam.
Ou
que nós professores, por sermos despreparados para ensinarmos a essas crianças, as culpabilizemos pelos problemas de não ensinagem seja creditando estes problemas
a família, a medicalização, a aspectos psicológicos, antropológicos, sociais.
Precisamos criar meios, provocações, pesquisar, estudar, e aprendermos a
ensinar todos nossos alunos.
Democracia e inclusão em qualquer tempo é cem
por cento das crianças irem para escola e aprenderem aí sim o professor terá dado
conta do seu compromisso com o processo democrático que está por trás do ato de
partilhar o mundo das letras com as
diferentes classes, indivíduos e grupos sociais.