segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Manifesto dos Educadores e Educadoras do Século XXI

    Atividade , muito interessante, nos foi proposta na cadeira de Escolarização, Espaço e Tempo na Perspectiva  Histórica, foi feita em grupo e  nos fez refletir bastante sobre um futuro diferente para Educação e seus profissionais:



       Merecemos respeito

  Clamamos por sAlários dignos e por valorização profissional

                 Necessitamos de aperfeiçoamento constante e remunerado

      Nossa  Indignação é  pelo descaso dos governantes com a atual situação da educação

                  Ficamos esperando pelo  Piso Salarial Nacional 

                  E nossos Planos de carreira serem cumpridos enquanto nós somos cada dia mais humilhados como categoria

                   Só assistimos o PNE há um ano em vigência e cortes e mais  cortes na educação

                   Temos uma Pátria que se diz  educadora e que pouco faz por nós  e por  seus milhões de brasileiros analfabetos

           exigimOs ações que diminuam o sucateamento e aumentem a valorização dos profissionais da educação.





DOS









DO

Sonhamos....

com Educação pública de qualidade

Com um país onde entendam que não temos” DOM” somos profissionais merecemos salário decente e valorização

Um governo que priorize e invista verdadeiramente em educação

Larga procura pelos cursos de licenciatura pelo gosto de ser professor

POder ter orgulho do país que vivemos



XXl

EDUCADORES DE TODO O MUNDO UNÍ-VOS!!!!!




Rita Romanelli
Patrícia Cordeiro
Jurandir Azevedo
Maria Cristina Dias

Karen  Mello

sábado, 28 de novembro de 2015

PENSANDO EM INFÂNCIA

Pensando em infâncias e  na necessidade que, nós pais, criamos em dar aos nossos filhos cada vez mais coisas que talvez nao sejam  necessárias para eles e que utilizamos  suprir nossas ausências ou nossos desejos de poder dar a eles "tudo"...mas o que é tudo?
Me lembrei deste texto lido numa formação e resolvi dividí-lo para reflexão :



A Lua que não dei! 

Cecilio Elias Netto 

Compreendo pais - e me encanto com eles - que desejariam dar o mundo de presente aos filhos. E, no entanto, abomino os que, a cada fim de semana, dão tudo o que filhos lhes pedem nos shoppings onde exercitam arremedos de paternidade.. 

E não há paradoxo nisso. Dar o mundo é sentir-se um pouco como Deus, que é essa a condição de um pai. Dar futilidades como barganha de amor é, penso eu, renunciar ao sagrado. 

Volto a narrar, por me parecer apropriado à croniqueta, o que me aconteceu ao ser pai pela primeira vez. 

Lá se vão, pois, 45 anos. Deslumbrado de paixão, eu olhava a menina no berço, via-a sugando os seios da mãe, esperneando na banheira, dormindo como anjo de carne. E, então, eu me prometia, prometendo-lhe:'Dar-lhe-ei o mundo, meu amor.' E não lhe dei. E foi o que me salvou do egoísmo, da tola pretensão e da estupidez de confundir valores materiais com morais e espirituais. 

Não dei o mundo à minha filha, mas ela quis a Lua. E não me esqueço de como ela pediu, a Lua, há anos já tão distantes. 

Eu a carregava nos braços, pequenina e apenas balbuciante, andando na calçada de nosso quarteirão, em tempos mais amenos, quando as pessoas conversavam às portas das casas. Com ela junto ao peito, sentia-me o mais feliz homem do mundo, andando, cantarolando cantigas de ninar em plena calçada. Pois é a plenitude da felicidade um homem jovem poder carregar um filho como se acariciando as próprias entranhas. Minha filha era eu e eu era ela. Um pai é, sim, um Pequeno Deus, o criador. E seu filho, a criatura bem amada. 

E foi, então, que conheci a importância e os limites humanos.. Pois a filhinha - a quem eu prometera o mundo - ergueu os bracinhos para o alto e começou a quase gritar, assanhada, deslumbrada: 'Dá, dá, dá...' Ela descobrira a Lua e a queria para si, como ursinho de pelúcia, uma luminosa bola de brincar. Diante da magia do céu enfeitado de estrelas e de luar, minha filha me pediu a Lua e eu não lhe pude dar. 

A certeza de meus limites permitiu, porém, criar um pacto entre pai e filhos: se eles quisessem o impossível, fossem em busca dele.. 

Eu lhes dera a vida, asas de voar, diretrizes, crença no amor e, portanto, estímulo aos grandes sonhos. E o sonho da primogênita começou a acontecer, num simbolismo que, ainda hoje, me amolece o coração. Pois, ainda adolescente, lá se foi ela embora, querendo estudar no exterior. Vi-a embarcar, a alma sangrando-me de saudade, a voz profética de Kalil Gibran em sussurros de consolo: 

'Vossos filhos não são vossos filhos, mas são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Eles vem através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. (...) Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.' 

Foi o que vivi, quando o avião decolou, minha criança a bordo. No céu, havia uma Lua enorme, imensa. A certeza da separação foi dilacerante.. Minha filha fora buscar a Lua que eu não lhe dera. E eu precisava conviver com a coerência do que transmitira aos filhos: 'O lar não é o lugar de se ficar, mas para onde voltar'

Que os filhos sejam preparados para irem-se, com a certeza de ter para onde voltar quando o cansaço, a derrota ou o desânimo inevitáveis lhes machucarem a alma. Ao ver o avião, como num filme de Spielberg, sombrear a Lua, levando-me a filha querida, o salgado das lágrimas se transformou em doçura de conforto com Kalil Gibran: como pai, não dando o mundo nem Lua aos filhos, me senti arqueiro e arco, arremessando a flecha viva em direção ao mistério. 

Ora, mesmo sendo avós, temos, sim e ainda, filhos a criar, pois família é uma tribo em construção permanente. 

Pais envelhecem, filhos crescem, dão-nos netos e isso é a construção, o centro do mundo onde a obra da criação se renova sem nunca completar-se. De guerreiros que foram, pais se tornam pajés. E mães, curandeiras de alma e de corpo. É quando a tribo se fortalece com conselheiros, sábios que conhecem os mistérios da grande arquitetura familiar, com régua, esquadro, compasso e fio de prumo. E com palmatória moral para ensinar o óbvio: se o dever premia, o erro cobra. 

Escrevo, pois, de angústias, acho que angústias de pajé, de í­ndio velho. A nossa construção está ruindo, pois foi feita em areia movediça. 

É minúsculo o mundo que pais querem dar aos filhos: o dos shoppings.. 

E não há mais crianças e adolescentes desejando a Lua como brinquedo ou como conquista.. Sem sonhos, os tetos são baixos e o infinito pode ser comprado em lojas. Sem sonhos, não há necessidade de arqueiros arremessando flechas vivas. 

Na construção familiar, temos erguido paredes. Mas, dentro delas, haverá gente de verdade? 
Cecílio Elias Netto é escritor e jornalista

AS HIPÓTESES DO APRENDIZ

O artigo estudado "As hipóteses do Aprendiz" traz a discussão sobre os aspectos na aquisição do sistema alfabético, da construção e constituição fonológica da sílaba pelos educandos em fase de pré e de alfabetização, e todas as hipóteses criadas por eles.

Cabe ao professor conhecer e reconhecer a lógica apresentada nas hipóteses criadas pelos educandos para desta forma podermos analisá-los e auxiliá-los na criação de nossas possibilidades e escrita, e de consciência fonológica que os leve cada vez mais a se apropriar do processo da escrita.

A hipótese do aprendiz sugere que os alunos tem mais facilidade de memorização da escrita de palavra que se constituem por consoante/vogal ( CV) pois são as que mais lhes são oferecidas em atividades no seu processo de alfabetização, sendo assim, cria-se uma dificuldade para que o aluno construa o conhecimento que se refere a escrita de silabas “complexas” CCV ou CCVCC.

Para a realização da tarefa entrevistei três alunos de quarto e quinto ano , não alfabetizados ( 12, 13 e 15 anos).

As  palavras escolhidas, com referencia no texto,  foram : GIRAFA (CV CV CV ) ASSUSTOU (VCCVCCVV) COBRA (CVCCV)

ALUNA1 –  IAA (GIRAFA)  -  AUO (ASSUSTOU) -  OUA( COBRA)

ALUNA2-   GIRÃA (GIRAFA) -  AXUTO (ASSUSTOU) – COBA (COBRA)

ALUNO3- EDUDAR (GIRAFA) – EDUDORO (ASSUSTOU) – DUDOU (COBRA)

Percebe-se aqui três casos distintos de escrita a aluna2 e o aluno3 obedecem bem o que observa a autora de utilizar CVCV para escrita sem se importar ainda com a ortografia, mas como nos diz a autora no principio da aquisição da escrita os aprendizes estão tão focados na analise da estrutura da sílaba que isto ira se corrigir depois.

A aluna1 escreve de uma  forma clássica silábica onde atribui o valor de uma sílaba a cada letra, neste caso a cada vogal. A aluna dois já mostra uma hipótese silábica-alfabética da escrita e o aluno3, apesar de não ter valor sonoro e utilizar-se, aos 15 anos, apenas das letras do seu nome para escrever,  tem uma hipótese alfabética pois o numero de letras corresponde ao numero de letras da palavra e ao pedir para escrever ele dizia ... gi e colocava ED depois RA e escrvia UD e assim por diante, o que me fez ver a importância do método clínico pois se tivesse feito um ditado, ou uma atividade de escrever nome em desenhos eu o classificaria como PS2.





Pink Floyd - Another Brick In The Wall (HQ)



Hoje minha postagem será sobre duas leituras feitas para Escolarização, Espaço e Tempo na Perspectiva Histórica então aumenta o som e curte o Pink Floyd e pensa um pouco a respeito .... 

 Os textos “A maquinaria escolar” e o “(Des)encantos da modernidade pedagógica”, mostram dois pontos de vistas diferentes da educação  mas entram em concordância em alguns aspectos.
 
   Em  “A maquinaria escolar”, o autor deixa clara  a criação da escola, subjulgada ao poder da  igreja primeiro somente para os filhos  da nobreza  para o controle do poder  e depois ampliada para os filhos dos pobres   com a entrada do ensino religioso como uma disciplina, para orientar os seus alunos para o caminho do bem como uma “estratégia” de combate ao protestantismo crescente e uma forma de catequização. A ainda neste texto, notamos  a educação  rígida onde  os alunos deveriam seguir as normas e regras estabelecidas  esperando-se que os alunos fossem todos iguais, e  onde cabia aos professores fazer destes  alunos seres individualistas e capazes de ser como a” sociedade esperava” para assim trabalhar e gerar lucro.
 
 No período que o texto se refere não era obrigatória  a educação escolar, mas ao passar do tempo  se percebeu que era importante a escolarização para poder trabalhar, foi nesse momento que introduziram a educação para todos, e não apenas para os filhos da coroa (e também se deram conta que a escolarização das classes nobres deveria ser feita longe de casa e dos olhos e afagos maternos), e assim conseguiram evitar um revolta na classe mais pobre, colocando-os para estudar. Mas ainda  assim haviam os  que não eram “bons” para a escola, que não seguiam as normas, eram taxados como incapazes de serem “educados”e para estes sempre haveria o trabalho pesado.
 
No texto “(des)encantos da modernidade pedagógica”, foram apresentadas as realidades vividas no Brasil, relatando exemplos vividos no Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Recife, etc. foram  apontados  o crescimento da Escola no período, com o seu começo no campo, onde os mestres davam as aulas em suas próprias casas ou em salas improvisadas, e os alunos eram acomodados  do jeito que  fosse possível, alguns sentados em banquinhos, ou no chão encostados em cadeiras, paredes, usando troncos para apoio de escrever, mas na maioria  das vezes deitados no chão sobre um jornal.

  A escola passou por dificuldades até chegar ao que conquistamos hoje, a escola era vista como um local para  propagação de doenças, pelo fato de estarem muitas crianças reunidas ecom pouca ou sem nenhuma higiene.  Com o tempo as escolas chegaram a cidades, já  que o homem do campo precisou  sair do meio rural ( Êxodo rural) . Nas cidades, a figura não era muito melhor,  as escolas também foram improvisadas em casas de aluguéis pagas pelas prefeituras( mas quase sempre que o dono da casa queria vende-la e  o professor e alunos deveriam sair) com isso eram gastos muitos recursos,o que levou a ser  construídos prédios onde sediariam  as novas escolas, e nesses locais os alunos foram separados por idades e sexo.

Os dois textos mostram como a educação era dura, e os alunos  submetidos a obedecer regras, condutas e normas super rígidas. O professor era cobrado que tivesse um mínimo de escolarização, o magistério e que ele fosse rígido com seus alunos e os cobrassem, e também que todas as crianças estivessem na escola, o que era obrigação do professor assegurar.Ele era visto como o detentor do saber e muito respeitado por seu conhecimento.

domingo, 15 de novembro de 2015






Há quase um século, Sigmund Freud ousou relacionar dois temas que pareciam muito distantes entre si: sexualidade e infância. Em 1905, ele publicou Os três ensaios sobre a sexualidade, num dos quais abordava especificamente a sexualidade infantil - conceito fundamental para a Psicanálise, até os dias atuais.


Para Freud, a sexualidade da criança possui duas características principais: é perversa e polimorfa. Isto significa dizer que ela é auto-erótica e satisfeita através da estimulação de zonas erógenas no próprio corpo da criança. As fases do desenvolvimento infantil, segundo a teoria freudiana, estão ligadas ao deslocamento da libido (energia sexual) a cada uma dessas zonas.

Assim, a criança deve passar pela fase oral (obtendo prazer pela sucção do seio materno, da chupeta, do dedo, ou levando os objetos à boca), pela fase anal (quando aprende a controlar a atividade esfincteriana), e por outras, até chegar à puberdade. A auto-estimulação de zonas erógenas não se configura propriamente como uma masturbação - atividade característica da puberdade - e sim como um tipo de sexualidade especialmente infantil, diferente da adolescente e da adulta.

É fácil imaginar o escândalo provocado por essas idéias na sociedade vienense do início do século XX. Neste momento histórico, predominava uma concepção de infância associada a uma aura de pureza, inocência e ingenuidade. A criança deveria ser protegida dos ditos "segredos adultos", como aqueles relativos à violência e ao sexo. E se definia, justamente, pelo não conhecimento desses "segredos".

Em outras palavras, as crianças eram consideradas crianças uma vez que não sabiam de coisas que só os adultos sabiam, pela experiência ou pela leitura de livros escritos por outros adultos. Em oposição, os adultos, detentores deste saber proibido às crianças, seriam aqueles com a função de orientá-las e discipliná-las.

Mas não foi sempre assim

Na Idade Média, os adultos tinham outras formas de se relacionar com as crianças. Sabe-se que o trabalho infantil (sobretudo a partir dos sete anos de idade) era encarado com naturalidade. Não havia preocupação em proteger a criança dos "segredos adultos": falava-se de sexo, e quiçá fazia-se sexo, na presença de crianças - como sugere Ticiano no quadro Bacanal de las Andrians (1518-1519), onde o pintor retrata uma criança, aparentando dois anos de idade, no meio de adultos nus se tocando com luxúria.

A arquitetura medieval, inclusive dos palácios e castelos aristocráticos, revela um ambiente onde não há lugar para a privacidade: os cômodos eram interligados entre si, e as famílias, compostas por muitos membros - avós, tios, primos, agregados...

Adultos e crianças medievais compartilhavam não só dos mesmos ambientes sociais, mas também de um mesmo ambiente informacional, de um mesmo não saber: eram ambos analfabetos, já que a leitura era um privilégio restrito ao clero. Escolas eram raras ou inexistentes. Numa cultura da oralidade, não havia espaço para uma divisão nítida entre infância e idade adulta. Os valores e costumes sociais eram apreendidos pelos pequenos diretamente, a partir do contato com os adultos, que não demonstravam grandes preocupações acerca da educação infantil.

A criação moderna da prensa tipográfica, associada à alfabetização socializada, veio mudar este quadro. Passou-se a imprimir e publicar diversos livros, contendo saberes que se colocavam à disposição de quem soubesse ler.

Desta forma, surgiu um parâmetro claro e objetivo para diferenciar adultos e crianças: os primeiros seriam aqueles que sabem ler e escrever; as últimas, aquelas que deveriam passar por um processo gradual e lento, até adquirirem este saber. A função da escola, neste momento, ganhou uma fundamental importância: à escolarização se atribuiu a tarefa de ensinar às crianças a via de acesso aos saberes que circulavam no mundo adulto (a alfabetização) e, simultaneamente, prepará-las para este mundo através da disciplinarização.

Essa revisão histórica da civilização ocidental nos obriga a concluir que as formas de se conceber a infância variam, de tempo em tempo, de sociedade a sociedade. Muito além do fator biológico, que aponta para características anatômicas e fisiológicas específicas às crianças, cada contexto cultural é capaz de criar uma maneira particular de concepção de criança, no sentido que as formas de se relacionar com ela, e o próprio papel dela na sociedade, resultam de uma complexa rede de valores e regras predominantes nesta sociedade.

Na modernidade, a ascensão sócio-econômica da burguesia trouxe valores diferentes dos medievais, e um novo modelo de organização familiar. Modelo este que costuma ser chamado de família burguesa ou família nuclear - restrito ao núcleo pai-mãe-filho(s). Nesta família, mãe e pai ganharam funções muito bem definidas. A ela, caberia o cuidado com a casa, o marido e os filhos (atuando no espaço privado do lar); a ele, caberia o sustento da família através do trabalho remunerado (atuando no espaço público). Aos dois, caberia a obrigação de amar e educar seus filhos, investindo neles uma perspectiva de futuro, de progresso, condizente à conjuntura histórica da época.

Este modelo familiar, hoje, parece estar em crise. É crescente o número de casais separados ou divorciados, madrastas e padrastos, ou mães e pais que criam seus filhos sem a ajuda de um cônjuge. A mulher, não mais confinada às atividades domésticas, conquista um espaço cada vez maior no mercado de trabalho - e, não raro, culpa-se por não dedicar aos filhos a atenção que julga dever dedicar.

Nas últimas décadas, as transformações tecnológicas têm engendrado mudanças sociais e psicológicas, configurando-se como um dos principais vetores de subjetivação da contemporaneidade. Os meios de comunicação ensinam às pessoas novas formas de agir e pensar. E as crianças, obviamente, não se excluem deste processo.

Há quem diga que a infância – revestida desta aura de pureza, inocência e ingenuidade - consiste numa invenção moderna, que está fadada a desaparecer. (Werneck, 2001.) Há ainda quem vá mais longe. Alguns pensadores localizam o surgimento e a crise deste conceito em dois marcos históricos específicos: em 1850 e 1950, respectivamente. (Steinberg & Kincheloe, 2001.) Em 1850, o trabalho infantil foi abolido das fábricas inglesas, no auge da Revolução Industrial - movimento crucial para a concretização dos interesses sociais burgueses. Quanto a 1950, é um ano que simboliza a criação e difusão de um aparato tecnológico que tem modificado a humanidade desde então: a televisão.

Na Idade Média, adultos e crianças dividiam o mesmo ambiente informacional - o da oralidade, para a qual todos estamos biologicamente aptos. Na Pós-Modernidade, a televisão é capaz de simular um ambiente informacional semelhante ao medieval. Melhor dizendo: para assistir à TV, basta ver e ouvir, habilidades a que adultos e crianças estão biologicamente aptos.

O processo de leitura, ao contrário, exige um esforço de aprendizagem que costuma durar anos, e está longe de ser instintivo. Antes de mais nada, deve-se desenvolver um autocontrole corporal que permita um exercício introspectivo de atenção e concentração. Deve-se memorizar as letras, seus respectivos sons, e depois compreender a estrutura das sílabas, das palavras, das frases... Mais tarde, deve-se entender o sentido geral de um parágrafo, de um texto, de um livro... E, enfim, aprender a ler criticamente – uma capacidade que, às vezes, não se adquire nem mesmo depois da adolescência. Portanto, a divisão das crianças por idade, nas séries escolares, atende às etapas deste processo.

Para assistir à televisão, é bastante diferente. Uma criança de dois anos – como aquela retratada por Ticiano em meio a um bacanal –pode apertar um simples botão e deparar-se com cenas de sexo explícito na telinha. Conseqüentemente, a televisão inviabiliza a proteção da criança (tão valorizada pelos modernos) do acesso aos "segredos adultos", que antes se desvendavam apenas nos livros, ou pela experiência. Para certos autores, a televisão impossibilita que exista a infância como a fase do não saber, da pureza, inocência e ingenuidade.

O escritor norte-americano Neil Postman (1999), por exemplo, afirma que a criação da infância só foi possível pelo advento da prensa tipográfica, e proclama o desaparecimento da infância devido ao advento da televisão.

Entretanto, convém nos questionarmos: estaríamos diante do fim da infância ou de novas formas de ser criança? 

TEXTO RETIRADO DE: http://www.cantao.net/index_arquivos/ErotizacaoInfancia.htm